Sei de alguém por demais envergonhado
que por ser tão desajeitado
nunca foi capaz de falar
Só que hoje viu o tempo que perdeu
sabes, esse alguém sou eu
e agora eu vou-te contar
Sabes lá o que é que eu tenho passado
estou sempre a fazer-te sinais
e tu não me tens ligado
E aqui estou eu
a ver o tempo a passar
a ver se chega o tempo
de haver tempo p'ra te falar
Eu não sei o que é que te hei-de dar
nem te sei inventar frases bonitas
mas aprendi uma ontem, só que já me esqueci
então, olha, gosto muito de ti
Podes crer que à noite o sono é ligeiro
fico à espera o dia inteiro
p'ra poder desabafar
Mas como sempre
chega a hora da verdade
e falta-me o à-vontade
acabo por me calar
Falta-me o jeito
ponho-me a escrever e rasgo
cada vez a tremer mais
e às vezes até me engasgo
Nada a fazer
e é por isto que eu te conto
é tarde p'ra não dizer
digo como sei e pronto...
Quadrilha
segunda-feira, 31 de março de 2008
quarta-feira, 26 de março de 2008
Somos todos feitos da mesma merda. E a merda é mole.
Umas vezes dura, tão dura que nos rasga o cu até sangrar. Uma dor que dá vontade de gritar, espernear, morder a língua, cerrar os punhos.
Outras vezes, tão mole que limpamos uma, duas, três, quatro vezes... tão mole que nos esmerdalhamos até ficarmos secos...
Umas vezes dura, tão dura que nos rasga o cu até sangrar. Uma dor que dá vontade de gritar, espernear, morder a língua, cerrar os punhos.
Outras vezes, tão mole que limpamos uma, duas, três, quatro vezes... tão mole que nos esmerdalhamos até ficarmos secos...
"Não falei contigo com medo que os montes e vales em que me achas caíssem a teus pés
Acredito e entendo que a estabilidade lógica de quem não quer explodir faça bem ao escudo que és
Saudade é o ar que vou sugando e aceitando como fruto de Verão nos jardins do teu beijo
Mas sinto que sabes que sentes também que num dia maior serás trapézio sem rede
a pairar sobre o mundo e tudo o que vejo
É que hoje acordei e lembrei-me que sou mago feiticeiro
Que a minha bola de cristal é folha de papel
Nela te pinto nua
nua numa chama minha e tua
Desconfio que ainda não reparaste que o teu destino foi inventado por gira-discos estragados aos quais te vais moldando
E todo o teu planeamento estratégico de sincronização do coração são leis como paredes e tectos
cujos vidros vais pisando
Anseio o dia em que acordares por cima de todos os teus números, raízes quadradas de somas subtraídas, sempre com a mesma solução
Podias deixar de fazer da vida um ciclo vicioso e harmonioso ao teu gesto mimado
e à palma da tua mão..."
T.
Acredito e entendo que a estabilidade lógica de quem não quer explodir faça bem ao escudo que és
Saudade é o ar que vou sugando e aceitando como fruto de Verão nos jardins do teu beijo
Mas sinto que sabes que sentes também que num dia maior serás trapézio sem rede
a pairar sobre o mundo e tudo o que vejo
É que hoje acordei e lembrei-me que sou mago feiticeiro
Que a minha bola de cristal é folha de papel
Nela te pinto nua
nua numa chama minha e tua
Desconfio que ainda não reparaste que o teu destino foi inventado por gira-discos estragados aos quais te vais moldando
E todo o teu planeamento estratégico de sincronização do coração são leis como paredes e tectos
cujos vidros vais pisando
Anseio o dia em que acordares por cima de todos os teus números, raízes quadradas de somas subtraídas, sempre com a mesma solução
Podias deixar de fazer da vida um ciclo vicioso e harmonioso ao teu gesto mimado
e à palma da tua mão..."
T.
- Apaguei porque hesitei quando me pus a pensar no que acharias de tornar público um relato.
- Não precisas de dizer nada.
- Preciso. Porque agora sinto-me mal com isso. Faço tantas coisas sem pensar...
- Não precisas de explicar.
- Mas eu quero. Porque sou difícil de entender. A verdade é que dei importância a algo que não tinha importância nenhuma. Escrevo o que me apetece, o que me vai na alma. Assim como digo e faço o que me vai no espírito. Às vezes mordo a língua antes de falar, outras, só depois...
- Porque te expões?
- Não me exponho. Ventilo. Despejo o que me vai no pensamento, tornando público o que não tenho vergonha de partilhar. Porque preciso de tornar palpável o que me vai cá dentro, para que também eu possa analisar e entender-me. Como quem respira fundo.
- Não precisas de dizer nada.
- Preciso. Porque agora sinto-me mal com isso. Faço tantas coisas sem pensar...
- Não precisas de explicar.
- Mas eu quero. Porque sou difícil de entender. A verdade é que dei importância a algo que não tinha importância nenhuma. Escrevo o que me apetece, o que me vai na alma. Assim como digo e faço o que me vai no espírito. Às vezes mordo a língua antes de falar, outras, só depois...
- Porque te expões?
- Não me exponho. Ventilo. Despejo o que me vai no pensamento, tornando público o que não tenho vergonha de partilhar. Porque preciso de tornar palpável o que me vai cá dentro, para que também eu possa analisar e entender-me. Como quem respira fundo.
terça-feira, 25 de março de 2008
Lume
"Vai caminhando desamarrado
nos nós e laços que o mundo faz
vai abraçando desenleado
de outros abraços que a vida dá
vai-te encontrando na água e no lume
na terra quente até perder
o medo, o medo levanta muros
e ergue bandeiras para nos deter
Não percas tempo que o tempo corre
só quando dói é devagar
e dá-te ao vento como um veleiro
solto no mais alto mar
Liberta o grito que trazes dentro
e a coragem e o amor
mesmo que seja só um momento,
mesmo que traga alguma dor
só isso faz brilhar o lume
que hás-de levar até ao fim
e esse lume já ninguém pode
nunca apagar dentro de ti"
M.Veiga
nos nós e laços que o mundo faz
vai abraçando desenleado
de outros abraços que a vida dá
vai-te encontrando na água e no lume
na terra quente até perder
o medo, o medo levanta muros
e ergue bandeiras para nos deter
Não percas tempo que o tempo corre
só quando dói é devagar
e dá-te ao vento como um veleiro
solto no mais alto mar
Liberta o grito que trazes dentro
e a coragem e o amor
mesmo que seja só um momento,
mesmo que traga alguma dor
só isso faz brilhar o lume
que hás-de levar até ao fim
e esse lume já ninguém pode
nunca apagar dentro de ti"
M.Veiga
quinta-feira, 20 de março de 2008
ser um pássaro...
Era uma vez um jovem. Uma vez encontrou uma fada que lhe ofereceu um desejo.
Ele escolheu transformar-se num pássaro.
A fada questionou-o acerca da natureza do desejo...
O jovem explicou:
- O pássaro tem asas... todo o ser humano deseja ter asas para voar por esse céu fora, ver o mundo de cima, sentir o vento, o sol e a chuva bater no corpo nu, de braços abertos...
-Todo o ser humano deseja no seu íntimo poder, a qualquer momento, abrir as asas e viajar, poder saltar pela janela e desaparecer num instante, chegar a todo o lado, com a possibilidade de ver tudo de um ponto mais alto, em que tudo pareça mais pequeno e insignificante.
...e que a qualquer momento possa baixar as asas e repousar naquele lugar escolhido...
-Todo o ser humano quer ser como um pássaro, que do alto do céu que escolhe para abrir asas, consegue ver, cheirar, ouvir tudo com a clareza e ausência de consciência que a sua natureza lhe permite...
...Apreciar... sem ter de pensar...
- Quero ser como um pássaro... os pássaros têm um cérebro bem pequeno...
o mundo que passou por mim - parte III
Desejo carnal versus desejo intelectual.
O desejo carnal provém-nos das entranhas do corpo.
O desejo intelectual, do emaranhado complexo da mente.
O desejo intelectual, tal como o carnal, é indomável.
Surge no decorrer de uma conversa, quando se detectam pontos de interesse comum, ideias semelhantes ou formas de pensar que, por algum motivo intrínseco e incontrolável, nos fascinam.
Pode ou não estar associado ao desejo carnal.
Inclui a vontade de falar sobre tudo. Vontade de partilhar ideias, de discutir pontos de vista, de falar sobre filmes e livros, de discutir sobre questões denominadas filosóficas...
O desejo intelectual, quando alimentado, permite alcançar um orgasmo bem mais estimulante do que o físico... passível de prolongar durante horas intermináveis...
Cada palavra simula um suspiro soprado ao ouvido...
Cada frase adquire formas e cores passíveis de arrepiar cada pêlo do pescoço...
Cada entoação transparece a leveza consequente de partilhar pensamentos com alguém que se coloca no mesmo comprimento de onda... consciente ou inconscientemente...
Sabe tão bem... este orgasmo que se prolonga enquanto existir saliva e fluidez no processo pensamento-palavra...
O desejo carnal provém-nos das entranhas do corpo.
O desejo intelectual, do emaranhado complexo da mente.
O desejo intelectual, tal como o carnal, é indomável.
Surge no decorrer de uma conversa, quando se detectam pontos de interesse comum, ideias semelhantes ou formas de pensar que, por algum motivo intrínseco e incontrolável, nos fascinam.
Pode ou não estar associado ao desejo carnal.
Inclui a vontade de falar sobre tudo. Vontade de partilhar ideias, de discutir pontos de vista, de falar sobre filmes e livros, de discutir sobre questões denominadas filosóficas...
O desejo intelectual, quando alimentado, permite alcançar um orgasmo bem mais estimulante do que o físico... passível de prolongar durante horas intermináveis...
Cada palavra simula um suspiro soprado ao ouvido...
Cada frase adquire formas e cores passíveis de arrepiar cada pêlo do pescoço...
Cada entoação transparece a leveza consequente de partilhar pensamentos com alguém que se coloca no mesmo comprimento de onda... consciente ou inconscientemente...
Sabe tão bem... este orgasmo que se prolonga enquanto existir saliva e fluidez no processo pensamento-palavra...
quarta-feira, 19 de março de 2008
O mundo que passou por mim - parte II
Gente.
Transeuntes que, situados em determinado intervalo espaço-temporal, se enquadram no mundo.
Tudo começa com um olhar. Um momento que, não sendo pré-determinado ou pré-definido, inicia um processo irreversível, complexo, constituído por uma série de acontecimentos espirolados e encadeados que originam a gente que compõe o mundo.
Tudo começa com um olhar. Um momento em que duas pessoas cruzam o olhar e um conjunto de processos quimico-físicos se desencadeiam... o olhar de quem olha por olhar torna-se o olhar de quem observa... a observação transforma-se em avaliação... a avaliação em desejo...
Quando duas pessoas cruzam olhares e se, por um motivo pouco discutível, esse primeiro olhar é seguido de um segundo, o de quem observa, (sim pois, felizmente, para o nosso bem-estar cerebral, dos ziliões de olhares que cruzamos com outros olhares durante os anos de vida em que somos gente, só algumas centenas são seguidos de uma segunda apreciação, ou melhor, da observação) dá-se então início ao processo que os peritos designam de acasalamento, numa perspectiva biológica.
A observação permite identificar se o olhar é correspondido, antecedendo a avaliação do produto e clarificando a sua validade e pertinência. Sendo muitas vezes veloz, a observação é o pilar determinante do processo de formação de gente, já que é o segundo olhar e, assim, o primeiro sinal de interesse.
Sendo positiva, activa instantaneamente a avaliação, em que se determina se existe troca de reacções fisico-químicas, maioritariamente endócrinas, que conduzam ao turbilhão de sensações de que é feito o desejo. No decurso da avaliação pode ser iniciada uma abordagem ao objecto, em que se recolhe toda a informação possível e necessária para determinar se de facto o observado é passível de ser desejado.
O engate. A apreciação. O interesse.
Tiram-se medidas, medem-se forças, mostram-se qualidades, evidenciam-se qui pro quos, escondem-se defeitos. O jogo. A dança da conquista, o bailado das insinuações, a evidência do desejo.
Podem utilizar-se inúmeros pressupostos ou premissas para elaborar esta teoria da origem do desejo. Poder-se-ia dizer que nasce no primeiro olhar, ou que a faísca surge aquando da observação, ou que se só permite (para os controlados) que se desenvolva quando se identifica o mesmo comprimento de onda na outra pessoa envolvida, ou que não é de todo controlável e sequer depende de que quer que seja...
Poderia citar até alguns teóricos que porventura, credenciados ou não, tenham enuradas as premissas em que assenta a teoria do desejo... mas não almejo tornar estas linhas numa tese, pelo que me permito deixar fluir as palavras com base na simplicidade da minha existência, no mundo que passou por mim e me metamorfoseou em sadabuapude.
Mas antes, importa prosseguir com a lengalenga da origem da gente.
O desejo. O desejo carnal versus desejo intelectual.
O desejo carnal: a incapacidade de tirar os olhos e o pensamento do objecto. A vontade incontrolável e insaciável de beber todas as palavras, de lamber todos os poros... O estremecimento, o arrepio que percorre a espinha e aquece as vísceras e o formigueiro em todo o corpo e o galopar dentro do peito. Que se não confunda desejo com paixão! O desejo antecede, faz parte e pode ser independente da paixão.
A paixão é um processo elaborado. Doloroso. Um ramalhete de antíteses, benza-a o divino.
O desejo transforma o corpo numa entidade independente e quase indomável...
(to be continued sometime soon...)
Transeuntes que, situados em determinado intervalo espaço-temporal, se enquadram no mundo.
Tudo começa com um olhar. Um momento que, não sendo pré-determinado ou pré-definido, inicia um processo irreversível, complexo, constituído por uma série de acontecimentos espirolados e encadeados que originam a gente que compõe o mundo.
Tudo começa com um olhar. Um momento em que duas pessoas cruzam o olhar e um conjunto de processos quimico-físicos se desencadeiam... o olhar de quem olha por olhar torna-se o olhar de quem observa... a observação transforma-se em avaliação... a avaliação em desejo...
Quando duas pessoas cruzam olhares e se, por um motivo pouco discutível, esse primeiro olhar é seguido de um segundo, o de quem observa, (sim pois, felizmente, para o nosso bem-estar cerebral, dos ziliões de olhares que cruzamos com outros olhares durante os anos de vida em que somos gente, só algumas centenas são seguidos de uma segunda apreciação, ou melhor, da observação) dá-se então início ao processo que os peritos designam de acasalamento, numa perspectiva biológica.
A observação permite identificar se o olhar é correspondido, antecedendo a avaliação do produto e clarificando a sua validade e pertinência. Sendo muitas vezes veloz, a observação é o pilar determinante do processo de formação de gente, já que é o segundo olhar e, assim, o primeiro sinal de interesse.
Sendo positiva, activa instantaneamente a avaliação, em que se determina se existe troca de reacções fisico-químicas, maioritariamente endócrinas, que conduzam ao turbilhão de sensações de que é feito o desejo. No decurso da avaliação pode ser iniciada uma abordagem ao objecto, em que se recolhe toda a informação possível e necessária para determinar se de facto o observado é passível de ser desejado.
O engate. A apreciação. O interesse.
Tiram-se medidas, medem-se forças, mostram-se qualidades, evidenciam-se qui pro quos, escondem-se defeitos. O jogo. A dança da conquista, o bailado das insinuações, a evidência do desejo.
Podem utilizar-se inúmeros pressupostos ou premissas para elaborar esta teoria da origem do desejo. Poder-se-ia dizer que nasce no primeiro olhar, ou que a faísca surge aquando da observação, ou que se só permite (para os controlados) que se desenvolva quando se identifica o mesmo comprimento de onda na outra pessoa envolvida, ou que não é de todo controlável e sequer depende de que quer que seja...
Poderia citar até alguns teóricos que porventura, credenciados ou não, tenham enuradas as premissas em que assenta a teoria do desejo... mas não almejo tornar estas linhas numa tese, pelo que me permito deixar fluir as palavras com base na simplicidade da minha existência, no mundo que passou por mim e me metamorfoseou em sadabuapude.
Mas antes, importa prosseguir com a lengalenga da origem da gente.
O desejo. O desejo carnal versus desejo intelectual.
O desejo carnal: a incapacidade de tirar os olhos e o pensamento do objecto. A vontade incontrolável e insaciável de beber todas as palavras, de lamber todos os poros... O estremecimento, o arrepio que percorre a espinha e aquece as vísceras e o formigueiro em todo o corpo e o galopar dentro do peito. Que se não confunda desejo com paixão! O desejo antecede, faz parte e pode ser independente da paixão.
A paixão é um processo elaborado. Doloroso. Um ramalhete de antíteses, benza-a o divino.
O desejo transforma o corpo numa entidade independente e quase indomável...
(to be continued sometime soon...)
A dúvida: quando o racional interrompe a chama
Ela tem as suas convicções. Ideias que formou ao longo da sua existência e vivências e tomou para si,como verdades regentes das suas atitutes e opções. Quando fala, as suas convicções tornam-se transparentes para os que a escutam com clareza e perspicácia de compreensão.
Não é fácil para o homem desprender-se do que os olhos observam. Quando conversa com uma mulher, todas os pequenos pormenores associados à sua expressão corporal constituem distracções visuais: cada pestanejar, esboço de sorriso, cada pequeno tremor muscular (indiciante da percepção da mulher de estar a ser observada e apreciada).
Isto, no decorrer de um encontro entre duas pessoas que per si se sentem atraídas mutuamente, enevoa a capacidade de falar e ouvir com clareza.
A partir do momento em que ela se apercebe do olhar avaliador-apreciador dele... As certeza das convicções que até há pouco defendiam com garras e dentes estremece. Engole em seco. Sente um arrepio, que desemboca num reajuste das pupilas. O desejo apodera-se-lhe do corpo. Agora, as suas garras e dentes querem agarrá-lo a ele.
Quer controlar-se. Para quê? Pondera. Controlar-se permitir-lhe-á controlar a situação. Para adquirir o estatuto de difícil, a pela qual é preciso elevar as fasquias da conquista. Como saber? Ele pode ser recto e assumir no momento que se ela não quer, terá de se conter e ficar por aí. E ambos chucharão no dedo pois é possível que sejam igualmente orgulhosos.
Quer ceder. Porque não seguir os seus impulsos? Vai saber tão bem! Mas e depois? Ele vai ter o que queria. Ela também... E se depois, nada?
É facil,pensa. Segue os seus instintos e desejos. Basta que se não deixe apaixonar. Depois tudo será fácil.
Ele diz que não aguenta mais. Inundam-se.
Não é fácil para o homem desprender-se do que os olhos observam. Quando conversa com uma mulher, todas os pequenos pormenores associados à sua expressão corporal constituem distracções visuais: cada pestanejar, esboço de sorriso, cada pequeno tremor muscular (indiciante da percepção da mulher de estar a ser observada e apreciada).
Isto, no decorrer de um encontro entre duas pessoas que per si se sentem atraídas mutuamente, enevoa a capacidade de falar e ouvir com clareza.
A partir do momento em que ela se apercebe do olhar avaliador-apreciador dele... As certeza das convicções que até há pouco defendiam com garras e dentes estremece. Engole em seco. Sente um arrepio, que desemboca num reajuste das pupilas. O desejo apodera-se-lhe do corpo. Agora, as suas garras e dentes querem agarrá-lo a ele.
Quer controlar-se. Para quê? Pondera. Controlar-se permitir-lhe-á controlar a situação. Para adquirir o estatuto de difícil, a pela qual é preciso elevar as fasquias da conquista. Como saber? Ele pode ser recto e assumir no momento que se ela não quer, terá de se conter e ficar por aí. E ambos chucharão no dedo pois é possível que sejam igualmente orgulhosos.
Quer ceder. Porque não seguir os seus impulsos? Vai saber tão bem! Mas e depois? Ele vai ter o que queria. Ela também... E se depois, nada?
É facil,pensa. Segue os seus instintos e desejos. Basta que se não deixe apaixonar. Depois tudo será fácil.
Ele diz que não aguenta mais. Inundam-se.
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