segunda-feira, 11 de junho de 2007

voltei...



Sei de cor cada lugar meu...
tinha saudades de escrever.
Bom dia!
Bom dia a todos os que criam
a todos que acreditam na arte
em si próprios
todos os que bebem das suas mãos e oferecem
e todos os dias nos oferecem um pouco de si, mesmos quando sabem que não são recebidos com a mesma espontaneidade, ingenuidade e entrega com que se nos dão...
Bom dia aos isentos de ganância e espirito cusco
Bom dia aos que sorriem só porque sim
Sempre bom dia àquele que sorri e tem vontade de abraçar o mundo só porque respira...

"Só porque"?
Porquê o emprego de uma justificação?
porquê a dificuldade em falar livremente do que nos vai na alma?
Até eu, que passo os dias a gritar como é bom estar vivo,
como é bom sorrir e amar e sonhar
porque é essa a recompensa que temos só por estarmos vivos,
pelo que devemos usar e abusar e contagiar os que nos rodeiam com esta força que todos temos mas muitos se esquecem... até eu tenho dificuldade em ser... a transparência é tão dificil quando todos os que nos rodeiam nos não deixam respirar sem nos fazer sentir observados e avaliados...
Mas voltei... respiro... E sorrio!

Cara de parva


Quarta-feira, Agosto 02, 2006


Chegou a pensar que o seu sorriso não voltaria a surgir. Um dia, sem mais quê, a sua cara aparvou. As comissuras labiais esticaram para cada um dos lados da sua mais recente e esperada cara de parva. O maxilar inferior começou a doer na curvaura da zona de encaixe com o superior. Não consegue tirar aquele sorriso estúpido da cara, apesar da dor. Apesar das dores. A dor sabe-lhe bem. O masoquismo a par com o receio do desconhecido passível de proporcionar desilusão, felicidade, dor, complementaridade, apatia, partilha, complementado por um olhar que a faz estremecer e pensar em coisas boas bonitas estranhas e desejar total entrega. Tudo? Cedo. Mas quando a olha daquela forma diferente, que é só para ela, só porque por um conjunto de acontecimentos inesperados (a que vulgarmente apelidamos de destino), numa certa noite de verão, um beijo surgiu, inesperado, estranho, fresco, revigorante, ela entra numa espécie de transe em que o mundo pára à sua volta. Ele oferece-lhe laranjas. Ela fica pelo beicinho. Aquele seu jeito... Brilha devagar. Ela tem medo. Quer dar um mergulho no mar, mas tem receio que ao emergir ele não queira dar-lhe a mão e celebrar com ela um novo nascer do sol. Ainda assim, sorri, erguendo lentamente a pontinha do seu véu, contando os segundos, anseando por mais um olhar.

Dia Mau

Quarta-feira, Maio 24, 2006


Não quis guardá-lo para mim E com a dimensão da dor legitimar o fim Eu dei mas foi para mostrar Não havendo amor de volta Nada impede a fonte de secar Mas tanto pior E quem sou eu para te ensinar agora A ver o lado claro de um dia mau Eu sei a tua vida foi Marcada pela dor de não saber aonde dói Mas vê tu bem não houve à luz do dia Quem não tenha provado O trago amargo da melancolia E então rapaz Então porquê a raiva se a culpa não é minha Serão efeitos secundários da poesia Mas para quê gastar o meu tempo A ver se aperto a tua mão Eu tenho andado a pensar em nós Já que os teus pés não descolam do chão Dizes que eu dou Só por gostar Eu vou dar-te a provar o trago amargo da solidão Ornatos Violeta
posted by sadabuapude at 9:36 PM 2 comments

Não me apaixono. Não, não me apaixono. Gosto de sentir as pernas a tremer... mas quando as pernas ficam bambas... desequilíbrio... o céu, as nuvens... o chão. E pode doer... E sente-se. E o galo... e o hematoma...? Não, não me quero apaixonar. Ponto assente.
posted by sadabuapude at 10:57 PM 1 comments
Quarta-feira, Março 22, 2006

Uma em plena tarde...
Hoje vou apanhar uma. Não quero deprimir. Mas quero apanhar uma. Não devia ser assim. Mereço? Por um lado... Mas custa como o caralho... Ok, tudo bem. Povoam-me pensamentos contraditórios. Estranhos. Não me reconheço, às vezes... ou talvez sim... talvez não queira aceitar que sou mesmo assim... Não estou bem comigo... isto já vei durando há demasiado... Preciso de qualquer coisa... Sinto-me um pouco perdida... Não sei muito bem, na verdade, o que ando para aqui a fazer... Parece que me puseram uma venda e que ando para aqui às cegas a palpar qualquer coisa que não sei o que é, nem se quero, nem se realmente me apetece... Preciso de a tirar,... mas na verdade não me sinto com força anímica suficiente para o fazer... Que monte...
posted by sadabuapude at 10:00 PM 3 comments

Grito


Quinta-feira, Fevereiro 16, 2006

Grito
Não quero ir dormir. não quero acordar cedo amanhã. Não quero ter de picar o ponto, percorrer aqueles corredores podres, vestir aquela casca imunda. Não quero ter de respirar. Não quero ter dores. Não quero ter de vestir a farda do socialmente correcto, não quero ter de me calar por ser miúda nova. Não quero que me doam as costas por preferir fazer tudo sozinha, para não incomodar os senhores-pessoa-holística-que-vá-para-o-caralho. Não quero ter de me calar para não arranjar chatices. Só queria poder ser eu...


Boas noites
Uma boa noite. Um desejo banal, tantas vezes proferido sem uma qualquer questão à validade da sua intenção, à veracidade do desejo... Porquê desejar se não é verdadeiramente sentido? Pois, parece que fica bem, que é boa educação... que é um cliché por tantos adoptado que acaba sendo aceite sem oposições, sem levantamento de dúvidas, sem espaço aberto para questões. Deixemo-nos, pois, levar pelo curso da maré, em ponto morto, em modo económico... menos trabalho, menos preocupações. Renegue-se toda a tentativa de compreensão ou de procura de mais, em quantidade e qualidade. Renegue-se o pensar. Dói. Como um qualquer destes transeuntes, fujo com o rabo à seringa.
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So be kind to a stranger 'Cause you'll never know... There just might be an angel Knocking at your door... Ben Harper
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Sadabuapude
Sob as asas de uma borboleta, à procura de uma estrela...
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Lua

- Que lua tão linda... - Perdes tempo com essas coisas. - Com que devo perder o meu tempo? Aproveito a lua, observo-a deliciada, sorrio sentindo, deixo-me tocar pela sua beleza... - Um arrepio. Prolongado, não especialmente físico, simplesmente bom. - Não pode ser perda de tempo, quando o gosto é saborear o que a vida nos oferece, o que está, para mim, para todos, para cada um, só à espera de ser apreciado.

Rouquidão...


Segunda-feira, Janeiro 16, 2006

Hoje, dia 16 de Janeiro... ...Rouquidão...
Oh efémera rouquidão. Oh dorzinha de cabeça que me incendeia as têmporas e me desconforta o pescoço e a cabeça posicional... Oh... O pingo escorre-me pela mucosa da narina direita... À minha frente fala-se em idioma africano. Atrás, uma espécie de russo... não, espera, por entre as gargalhadas descortino um sotaque brasileiro. Será italiano? - "E a minha sorte... Até ao fim do mês... - Estoi enamorado... - Eu, quando 'cásá'... Êli vai vivê sozinhu... Êli vai consigui?" Linda Lisboa! Mi aguarrdji!!! Estou sorridente, saltitante, só me apetece gargalhar, gritar com o vento de um ponto mais alto, estar com toda a gente, abraçar toda a gente, beijar todos, um a um, e dançar, e dançar, e dançar, dançar...!! "Veni, vidi, vici!" Doem-me os ombros, o pescoço e vários pontos distintos, simétricos, tudo merda. Tudo merda. Quero festejar, correr em verdes campos, rio, mato, gritar a plenos pulmões até que me doa a garganta, fique sem voz, ou que me passe esta rouquidão (em que me recuso inegavelmente a sequer pensar na remota possibilidade possibilitiva de negociar o mais ínfimo electrãozinho de proposta de a aceitar. Não, não abdico. Já disse que não. Ponto.), quero dançar, esvoaçar por entre as nuvens, sob as asas de uma borboleta, simplesmente procurando uma estrela. A luz está sempre lá. Aqui. Abre os olhos, pequena, abre. Porque não há, nem pode haver, maior no mundo. Bom dia muro cinzento. Bom dia relvado verde pintalgado de lixo. Bom dia estação cinzenta. Bom dia árvores, pedras, casas, fábricas. Bom dia senhores operários. Bom dia engravatados. Bom dia esfomeados. Bom dia cabrões. Bom dia crianças. Bom dia gente. Bom dia montes do meu coração. Um grande bom dia. Bom dia gente, alvíssaras, saudações académicas, olá! Dia bom para ti, oh sol, sem te ver mas, já sabes, sentindo o calor no corpo, a luz nos olhos cemi-cerrados. Bom dia cóccix. É sempre uma honra, como direi, um prazer. Deleite... (felizmente, já agora, posicionalmente aliviável) Olá nuvens. Bom dia suor, correria, stress,, aprendizagens, estudo, busca de motivação, procura de satisfação. Bem-vindos acordares rabujentos, procissões enregelantes em estado zombie, sonâmbulo, lamentos e invenções de possíveis trocas ou faltas. Bom dia nuvem farfalhuda fotográfica, branquinha, suculenta, apetecível. Densa. Densidade. One life gotten. É minha, agora sou eu. Cá vou, catapultante, sim, sem medo de cair. Medo? De quê? De fracturar... ironia... Não, gosto mesmo muito deste vôo. Sim!, bom!, estou! ...Ainda estou rouca, mas já passa. "2006 vai ser XL" Sim, cliché, sim, fora de contexto? Eu sinto que sei voar. Cá no fundo. Prometo que a seguir procuro o gato. E literalmente também. Sorrio. E quando um desconhecido te sorri. Descanso os dedos. Pouso as unhas. Vou ter de tirar o verniz.
Este é um mundo novo. Bem-vindos ao mundo novo. Bem-vindos a este lugar onde tudo é possível, sonhar é real, joie de vivre sempre que o desejarmos.

Uma pequena história


Terça-feira, Janeiro 17, 2006


Tenho uma pequena história para te contar. É a história do estar bem. Quando sais à rua e o sol te bate na cara, e tu tens a reacção de esticar os braços para cima, e um arrepio te percorre o corpo inteiro - espreguiçar!!!... e sabe tão bem... E fechas os olhos e sorris, e sentes cada fotão de luz a incidir sobre cada célula do teu corpo, e sentes uma grande vontade de dizer um bom dia cheio de bom... Apetece dizer a toda a gente que é bom estar vivo, que tudo o que nos rodeia é tão bonito, e que temos de aproveitar cada segundo, e fazer tudo... Ou quando conversas com alguém, e essa pessoa fala de uma forma tão genuína que te apaixonas instantânea e espontaneamente, e sorris a cada palavra que diz, e pensas "como é possível esta pessoa pensar assim, ser assim, que bom tê-la conhecido!". E sorris, e apetece dizer-lhe "gosto de ti", e abraçá-la. E queres ter muitas vezes o prazer da sua companhia. Bem, pensando melhor, talvez seja melhor deixar-te descobrir.

E o pensar vai ganhando terreno...

Mandaste-me uma mensagem noutro dia...
Pois foi, foi um daqueles momentos em que deixamos cair o muro do superego, em que pensamos "que se lixe", ou nem sequer pensamos, fazemos o que apetece sem olhar às consequências, prós e contras, factores predisponentes e outros que tais. Mas pronto, é sempre bom, estar perante umaa ausência de resposta. É bom para ficar a remoer no "porque raio mandei a mensagem", que raiva, que estúpida. É sempre bom, da próxima vez, vamos dando cada vez menos espaço para o fazer, e o pensar vai ganhando terreno. E a acção impulsiva, espontânea, genuína, vai deixando de liderar. Mas é na boa.

Partícula...
- Bom ano 2006! - Buono ano! - Hum, devem foder que nem cães...!
comentário a um blog
Pois concordo que querer seja poder, a questão é que se fala em querer sem se querer realmente. É fácil dizer "eu quero". E senti-lo? Senti-lo com as entranhas, com o corpo e a alma? Esse sim, é o querer poderoso. Não o de puro bater do pé, ou o só porque sim...Eu quero sentir tudo de todas as maneiras! (Álvaro de Campos, acho)

Acreditar...
Acreditar sempre. Não serve só para passar o tempo. Serve para se ter horas de qualidade.

Tabacaria

Terça-feira, Janeiro 24, 2006

Eis um excerto d'O poema. "Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, E não tivesse mais irmandade com as coisas Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada De dentro da minha cabeça, E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida. Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje dividido entre a lealdade que devo À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. " Álvaro de Campos

Café de Sempre


Quinta-feira, Janeiro 26, 2006

“Esperei-te no fim de um dia cansado à mesa do café de sempre… O fumo, o calor e o mesmo quadro na parede já azul poente… Alguém me sorri do balcão corrido, alguém que me faz sentir Que há lugares que são pequenos abrigos para onde podemos sempre fugir…” O café de sempre, aquele lugar cá dentro que guardamos e deixamos guardar sem poder intervir grande coisa a respeito, para aqueles que, num momento verdadeiramente especial da nossa vida cruzaram o nosso caminho, e nos acompanharam naquela direcção. O café de sempre, aquele abrigo que mesmo não estando fisicamente presente, sentimos como um lugar onde palavras não seriam precisas para um momento de compreensão e sintonia. O café de sempre, aquele café onde horas das nossas vidas foram passadas, onde incontáveis segredos e dúvidas, tristezas e aventuras, angústias e brilho, parvoíce e gozo se deixaram gravar em mesas e cadeiras, balcão e chávenas de café, cinzeiros e máquinas de touch plus. E eu vou esperando, sentada na cadeira de uma mesa com cinco lugares, fumando o meu cigarro, depositando a cinza no cinzeiro já cheio de beatas de tantos mundos, bebericando o meu chá de cidreira/mel para dois, ouvindo a música que me lembra momentos brilhantes das nossas vidas, e sorrio, enquanto não chegam, ansiosa daquele olhar em que lemos que “seremos cúmplices o resto da vida, ou talvez só até amanhecer”.