segunda-feira, 11 de junho de 2007

Cara de parva


Quarta-feira, Agosto 02, 2006


Chegou a pensar que o seu sorriso não voltaria a surgir. Um dia, sem mais quê, a sua cara aparvou. As comissuras labiais esticaram para cada um dos lados da sua mais recente e esperada cara de parva. O maxilar inferior começou a doer na curvaura da zona de encaixe com o superior. Não consegue tirar aquele sorriso estúpido da cara, apesar da dor. Apesar das dores. A dor sabe-lhe bem. O masoquismo a par com o receio do desconhecido passível de proporcionar desilusão, felicidade, dor, complementaridade, apatia, partilha, complementado por um olhar que a faz estremecer e pensar em coisas boas bonitas estranhas e desejar total entrega. Tudo? Cedo. Mas quando a olha daquela forma diferente, que é só para ela, só porque por um conjunto de acontecimentos inesperados (a que vulgarmente apelidamos de destino), numa certa noite de verão, um beijo surgiu, inesperado, estranho, fresco, revigorante, ela entra numa espécie de transe em que o mundo pára à sua volta. Ele oferece-lhe laranjas. Ela fica pelo beicinho. Aquele seu jeito... Brilha devagar. Ela tem medo. Quer dar um mergulho no mar, mas tem receio que ao emergir ele não queira dar-lhe a mão e celebrar com ela um novo nascer do sol. Ainda assim, sorri, erguendo lentamente a pontinha do seu véu, contando os segundos, anseando por mais um olhar.

Um comentário:

pedrobock disse...

As comissuras labias esticaram??? Não será... demasiado técnico este termo? Talvez... os seus lábios esplanaram todo o seu sentimento... Talvez assim fosse mais poético o seu alcance!

Beijo grande!