quinta-feira, 17 de abril de 2008

Rouquidão - remake

Rouquidão...Oh efémera rouquidão.
Oh dorzinha de cabeça que me incendeia as têmporas e me desconforta o pescoço e a cabeça posicional... Oh...
O pingo escorre-me pela mucosa da narina direita...

Estou sorridente, saltitante, só me apetece gargalhar, gritar com o vento de um ponto mais alto, estar com toda a gente, abraçar toda a gente, beijar todos, um a um, e dançar, e dançar, e dançar, dançar...!!
"Veni, vidi, vici!"
Doem-me os ombros, o pescoço e vários pontos distintos, simétricos, tudo merda.
Tudo merda.
Quero festejar, correr em verdes campos, rio, mato, gritar a plenos pulmões até que me doa a garganta, fique sem voz, ou que me passe esta rouquidão (em que me recuso inegavelmente a sequer pensar na remota possibilidade possibilitiva de negociar o mais ínfimo electrãozinho de proposta de a aceitar. Não, não abdico. Já disse que não. Ponto.), quero dançar, esvoaçar por entre as nuvens, sob as asas de uma borboleta, simplesmente procurando uma estrela.
A luz está sempre lá. Aqui. Abre os olhos, pequena, abre. Porque não há, nem pode haver, maior no mundo.
Bom dia muro cinzento.
Bom dia relvado verde pintalgado de lixo.
Bom dia estação cinzenta.
Bom dia árvores, pedras, casas, fábricas.
Bom dia senhores operários.
Bom dia engravatados.
Bom dia esfomeados.
Bom dia cabrões.
Bom dia crianças.
Bom dia gente.
Bom dia montes do meu coração.
Um grande bom dia.
Bom dia gente, alvíssaras, saudações académicas, olá!
Dia bom para ti, oh sol, sem te ver mas, já sabes, sentindo o calor no corpo, a luz nos olhos cemi-cerrados.
É sempre uma honra, como direi, um prazer. Deleite...
Olá nuvens.
Bom dia suor, correria, stress,, aprendizagens, estudo, busca de motivação, procura de satisfação.
Bem-vindos acordares rabujentos, procissões enregelantes em estado zombie, sonâmbulo, lamentos e invenções de possíveis trocas ou faltas.
Bom dia nuvem farfalhuda fotográfica, branquinha, suculenta, apetecível. Densa. Densidade. One life gotten.
É minha, agora sou eu.
Cá vou, catapultante, sim, sem medo de cair.
Medo? De quê? De fracturar... ironia... Não, gosto mesmo muito deste vôo. Sim!, bom!, estou!
...Ainda estou rouca, mas já passa.

Eu sinto que sei voar. Cá no fundo.
Prometo que a seguir procuro o gato. E literalmente também.
Sorrio.
...E quando um desconhecido te sorri.
Descanso os dedos. Pouso as unhas.
Vou ter de tirar o verniz.

(os anseios e devaneios de menina metamorfoseando-se em mulher, no primeiro capítulo)

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