terça-feira, 12 de fevereiro de 2008


Apetece-me gritar!
Dão-me ganas de escancarar a boca e vomitar a garganta mais as cordas vocais e ensurdecer o mundo.
E inundá-lo da viscosa e fétida substância que guardo aqui dentro contra minha vontade.
Quero gritar até enrouquecer!
Estou cansada de mim, da minha latência, da minha escolha de levitar sobre as chamas que vou permitindo que me consumam...
Estou na eminência de explodir... já me vou sentindo com sialorreia...
Mas acho que quando ceder a esta iminência de vómito, não vai haver poder antiemético que me aguente...
E o receio vai-me mantendo a levitar...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

o mundo que passou por mim


Eu, egocêntrica. O mundo passou por mim, fez-me, trespassou-me, redefiniu-me.
Não há muito tempo, o mundo parecia ser algo de inatingível, gigante, um desconhecido que não amedrontando, alimentava e se alimentava do desejo de conhecimento, da busca por respostas, da procura por um lugar em que me encaixasse e sentisse gente.
Gente responsável, contributiva, remunerada, habilitada, credenciada e competente para o ocupar, com o reconhecimento necessário para a postura confiante indispensável para garantir o lugar reservado no mundo.
Acontece que a reserva (garantida) no lugar da carruagem que viaja no mundo não tem livro de instruções, nem qualquer outro documento não redigido. O lugar tem um caderno embalado, fechado, em branco, pendurado por um elástico ao assento da poltrona da carruagem. Há palavras por escrever. Há um texto a ser redigido, sem regras de semântica, forma ou conteúdo, gramática ou apresentação, ortografia ou parcimónia, língua ou sentido.
Há que ser escrito.

Assim, com a primeira letra ou número ou símbolo redigido no caderno, se inicia o processo de formação de gente.
Gente. A representação do eu aqui, dos seres humanos no mundo. Gente agride o tímpano. Fiquemo-nos por um substantivo lírico que avelude o ouvido e a língua e a letra e a palavra e a mão e o olho e a linha e a folha. E o caderno. E o mundo.

O mundo que passou por mim faz-me gente. Faz-me sadabuapude. Parece mágico. Registado e aceite.

perdi o meu outro blog...

vale a pena espreitar... www.sobasasasdeumaborboleta.blogspot.com
sometimes a man gets carried away
when he feels like we should be having his fun
and he's much too blind to see the damage he's done
'cause sometimes a man must awake to find that really he has noone